“Falando de Coração” (Uma Questão de Afeto)
Quão inexplicáveis os ditames do coração. Quão inexpugnáveis os caminhos que
levam ao seu interior.
É o órgão do sentimento. É simbólico, é verdadeiro. Pouco ou raramente se vê,
dele muito se fala, constantemente é representado.
É associado à simpatia, ligado à amizade, vinculado à boa ação. Entre dois seres
apaixonados, sempre o coração. Maternal e paternal, filial; fraternal e humanitário.
Em que instância for o coração é, inequivocamente, o parceiro do amor.
Cantado e decantado, em música, poesia e prosa. Transpassado por uma seta,
risonho, choroso; alegre, ferido; assim é o coração.
Por que vibra tanto com alegrias, e sofre tanto com tristezas?
Escritores famosos escreveram, tentaram explicá-lo. Filósofos, pensadores não
menos eruditos, procuraram entendê-lo. Médicos, cirurgiões, cuidam, tratam pelos
caminhos do visível, mas não se chega ao seu núcleo imaterial, transcendente,
espiritual.
O que o faz se aproximar ou rejeitar alguém? Não sabemos e talvez nunca
saberemos dos mistérios que ele carrega em si.
Homem e mulher, companheiros para a criação, juntos pela união, despertos pela
atração. É o completar-se, na busca da “alma gêmea”, da outra metade.
Alegria que o dinheiro não compra, sentimento que não escolhe alguém ou a
quem. Mas que existe, é verdadeiro, mexe com a humanidade. Instintivo,
expressivo, significativo.
Por que feridas do coração doem mais que dor física? Por que se procura pelo
afeto tal qual um inestimável tesouro?
É o complemento, é a carência, é a aspiração. É o sonho tão sonhado, a pessoa
imaginada. É o refúgio, a segurança, o amparo. A carência afetiva de um, que
pode ser o medo do outro. Medo do envolvimento, medo da perda da liberdade
ou da sua autenticidade; mas que pode também ser a paz, do encontro, da união...
Simpatia, atração, química. Definições várias, subjetivas, tais quais o próprio afeto,
que não se completa só. Mais se tem, mais é doado.
Tem cor e é ação. Recorda, projeta, alça voos. É o ver além dos olhos: esperança,
fé, convicção... Pressentimento, sexto sentido, percepção. Feliz daquele que vê e
que fala, através do coração. Seja qual finalidade for, seu objetivo é o amor,
superando-se na doação.
Muitos temas permanecem sem explicação, e este, vai muito além de uma simples
indagação ou de complicada resposta. Pois se o assunto é coração, as muitas
perguntas resumem-se a uma só questão, nada mais nada menos que... uma
questão de afeto.
Geraldo Vieira de Magalhães
Psicólogo - CRP 08/06392
Tel.: (41) 9 9141-3141
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